Filho Adotivo: Quando e Como Contar a Verdade?

Nathália Martins
Nathália Martins
Atualizado 23 de setembro 2021

Uma dúvida comum de muitos pais adotivos é sobre quando é o momento certo para contar a verdade às crianças. Se você está com esse questionamento e quer saber como lidar com a situação, nós te contamos tudo neste artigo!

Contar à criança que ela é adotada é uma situação estressante para muitos pais, que não sabem direito como ter essa conversa. O ideal, entretanto, é que o assunto seja abordado desde cedo, para que a criança tenha tempo de lidar com sua história e normalizar a adoção.

Para saber como e quando contar ao seu filho sobre a adoção, continue lendo nosso texto. Nós daremos dicamos de como lidar com tudo isso e fortalecer ainda mais o amor de sua família.

Quando conversar com a criança sobre a adoção?

A conversa para contar sobre a adoção é um momento temido e evitado por muitos pais, mas ela é fundamental para que a criança saiba de onde veio e conheça a sua história. E não é só a forma como se deve abordar o assunto que assusta, mas também quando se deve falar sobre isso.

Embora não exista uma regra e cada família opte por lidar com a situação de uma forma, é praticamente consenso entre psicólogos e educadores que o melhor é que a criança fique sabendo o mais cedo possível.

E pode parecer difícil ter uma conversa que requer tanta seriedade com uma criança nova, mas a tarefa dos pais consiste justamente em criar um ambiente e dar uma educação que acolham a criança e deem a ela os meios necessários para começar a entender, desde cedo, que ela foi adotada por sua família e que isso não muda em nada a relação com os pais adotivos.

Como contar ao filho que ele é adotado

Como dissemos, o melhor é que a criança saiba da verdade o quanto antes. Entretanto, a questão é mais complexa e não se resume apenas ao momento certo de contar, mas também diz respeito à forma como se conversa com a criança.

Na verdade, embora essa conversa até possa acontecer, o ideal é que tudo seja feito ao longo de um processo, em que os pais adotivos normalizam a adoção até que, finalmente, contem à criança sobre suas origens.

Para saber mais sobre o processo de revelar ao seu filho ou à sua filha sobre a adoção, nós listamos sete dicas para te ajudar nesse desafio. Confira!

Os pais devem falar sobre o assunto regularmente

Contar à criança que ela é adotada deve ser realmente um processo. Desde bem pequena e conforme a criança se desenvolve, os pais adotivos podem desenvolver o assunto de diversas formas.

É normal, por exemplo, que as crianças queiram saber de onde vêm os bebês ou sobre a gravidez da mamãe. Nessas ocasiões, você pode dizer ao seu filho que ele não cresceu na sua barriga, mas na de outra mulher, e que só depois ele finalmente veio para a família dele.

Assim, o seu filho aprende a normalizar a adoção e começa a entender que a história dele pode ser um pouco diferente quando comparada a de algum amiguinho, mas que ele tem um papai e uma mamãe que o amam da mesma forma.

Outra dica importante é para nunca se assustar ou entrar em desespero quando for tratar do assunto. Isso porque as crianças podem acabar associando qualquer reação dos pais à adoção de forma negativa, e ficar com isso frisado na cabeça. Por isso, quanto mais naturalidade, melhor.

Nunca ignorar ou criticar os pais biológicos

Eventualmente, pode acontecer da criança perguntar aos pais adotivos quem são as pessoas que a colocaram no mundo. Quando isso acontecer, uma boa forma de lidar com a situação é contando o que se sabe sobre os pais biológicos, sem criticá-los ou fingir que não existem.

O ideal é não esperar até a criança começar a perguntar

Toda criança passa por uma fase em que perguntas são extremamente frequentes. E o melhor a se fazer é não esperar até essa fase para introduzir a adoção nos assuntos.

É comum que as crianças desconfiem ou comecem a perceber coisas que despertem a curiosidade, como a falta de fotografias da mamãe grávida, mas deixem de questionar os pais por medo de magoá-los ou deixá-los bravos. E não é difícil de imaginar o quanto isso pode ser negativo psicologicamente, sobretudo na adolescência.

Não falar ou dar a entender que a criança tem sorte por ter sido adotada

Por se sentirem perdidos, muitos pais adotivos acabam tornando a adoção como uma espécie de prêmio de consolação para as crianças. E é claro que isso só acaba por deixar os pequenos confusos também.

É normal, por exemplo, que eventualmente a criança desenvolva um certo tipo de gratidão pelos pais adotivos, mas essa noção nunca deve partir dos adultos, até para que os filhos não se sintam obrigados a serem gratos.

Com o passar do tempo, o sentimento de obrigação pode acabar se tornando um desconforto e levar o adolescente a questionar sua identidade.

Também não dizer sempre à criança que ela é especial

Uma outra coisa bastante comum que se diz às crianças adotadas é que elas são especiais. Ainda que pareça um elogio e uma forma carinhosa de se referir à adoção, a criança pode acabar achando que ela só foi adotada por um motivo específico, e que se deixar de ser especial, os pais adotivos podem parar de amá-la.

Para um adulto, pode parecer absurdo pensar assim, mas as crianças fazem associações inesperadas com pequenos detalhes que os pais falam sem perceber.

Sempre dizer e demonstrar o amor

Para evitar qualquer questionamento ou crise de identidade que os filhos podem desenvolver quando souberem que são adotados, os pais devem devem focar para fazer com que as crianças se sintam amadas e desejadas por eles.

E isso é especialmente importante nas situações em que a criança se sente rejeitada pelos pais biológicos quando descobre que é adotada. Com muito amor e união, ela percebe que é bem-vinda em sua família, independentemente de qualquer coisa.

Livros podem ajudar a criança a entender

Uma excelente forma de tratar sobre assuntos delicados com as crianças é através de livros. Atualmente, o mercado editorial é bem variado e oferece títulos que tratam sobre morte, depressão e até mesmo adoção.

Ainda que esses temas façam parte da vida e muitas de nós tenhamos de lidar com eles em algum momento, pode ser difícil para alguns adultos abordá-los com seus filhos.

Sendo assim, vale a pena pesquisar livros com abordagens de seu agrado e ler com o pequeno. Além do tempo que vocês passarão juntos, ainda será uma abertura para lidar com a questão da adoção.


Filho é filho

O livro mais doce que você e seu filho irão ler. O livro que conta a história do nascimento do amor e do vínculo. Do elo que não vem da barriga, do sangue ou da cor dos olhos.

A conexão entre uma mãe e sua criança nasce na pequenez. No dia a dia, na segunda-feira, na noite chuvosa, na mesa da cozinha. Este livro é uma homenagem ao colos que se abraçaram e que nunca mais se soltarão.

É um livro que fala sobre adoção? É. Mas fala sem necessariamente dizer. Porque a mensagem dessa obra cabe por inteiro na jornada de todas as mães e de todos os filhos. Porque, afinal, filho é sempre filho.

Descrição da Editora Matrescência.


Somos um do outro

Nesta obra, o autor Todd Parr emociona ao mostrar a lei máxima da nova família: você precisa de amor e eu tenho amor para lhe dar. O autor/ilustrador usa seu traço característico, aliado a frases emocionantes, para mostrar que a adoção é um grande ato de amor.

Com uma abordagem delicada, Todd apresenta as diferentes composições de famílias - pai e mãe, pai solteiro, mãe solteira, duas mães ou dois pais - e propõe uma reflexão sobre o preconceito.

Descrição da Editora Panda Books.


A menina sem cor

Mimi foi adotada ainda bebê, mas só descobre esse fato ao seis anos, ao perguntar aos pais poorque, diferente deles, ela tem a pele escura. Após essa descoberta, Mimi passa a questionar sobre as difrenças de cor e começa a desejar ter nascido branca.

No meio desses questionamentos, conhece Olívia, uma garotinha também de seis anos, albina, que mostra a ela como é bom ser diferente e como todas as cores são diferentes e importantes.

Descrição da Editora Troia.


Como a criança reagirá ao saber que é adotada?

Como cada criança reage à informação de que é adotada de uma forma, é impossível dizer como a sua lidará ao descobrir essa parte da vida dela. Além disso, a reação depende muito da idade e das circunstâncias nas quais a verdade veio à tona.

O fato é que a reação da criança tende a ser melhor quando ela já está acostumada com o assunto, graças à naturalidade com que os pais adotivos sempre trataram a adoção.

Mas não dá, todavia, para descartar reações negativas, como sentimento de rejeição e confusão. Em alguns casos, aliás, pode ser até que a criança precise de ajuda profissional. A terapia pode auxiliar para organizar os pensamentos e aceitar os fatos como eles são.

E depois de velho, ainda dá tempo de contar?

Sempre dá tempo de contar. Embora o consenso seja para contar cedo, muitos pais adotivos optam por esconder a verdade de seus filhos, mas a criança tem o direito de saber sobre suas origens e de onde ela veio.

Por isso, o melhor é que os pais sempre contem o quanto antes. E, caso o filho já tenha crescido mas ainda não saiba, o certo é contar mesmo assim, mostrando arrependimento por terem escondido um fato tão relevante.

Vale a pena esconder da criança que ela é adotada?

Esconder da criança que ela é adotada acaba se tornando um fardo pesado que os pais precisarão carregar para sempre. Embora possa parecer uma boa ideia quando o filho ainda é pequeno, com o passar dos anos o segredo passa a assombrar cada vez mais.

E ainda pode acontecer do filho descobrir de alguma forma, acabar se sentindo traído pelos pais e ainda ter de lidar com um turbilhão de emoções tardiamente.

Por fim, ressaltamos que o melhor a se fazer em qualquer contexto é relevar a adoção o mais cedo possível, e construir muito amor e confiança com o seu filho.


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