Perda Gestacional: Saiba Como Lidar e Superar o Luto

Thamires Ribeiro
Thamires Ribeiro
Atualizado 02 de setembro 2021

Lidar com a perda gestacional nunca é fácil, independentemente da fase em que a gravidez estava. Entretanto, por mais dolorosa que seja, é possível seguir em frente e superar o luto da melhor forma possível. Entenda como!

Sofrer um aborto espontâneo é uma das maiores dores que uma mãe pode ter, mas acontece com várias mulheres por diversos motivos. Para conseguir seguir em frente é preciso viver o luto no seu tempo, entender que não foi culpa sua e, se for preciso, procurar atendimento psicológico.

Infelizmente, a perda gestacional acontece com mais frequência do que parece e, algumas vezes, não é possível identificar a causa. Em todo caso, o mais importante é tentar lidar com a situação, não se pressionar e nem desistir do sonho de ser mãe.

É comum perder o bebê durante a gravidez?

Sim, é comum. A dor da perda de um bebê está presente na vida de muitas mulheres e familiares que estavam à espera da criança. De acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet, cerca de 23 milhões de abortos espontâneos ocorrem todos os anos no mundo e afeta uma em cada dez mulheres.

O grande problema é que o assunto ainda é considerado um tabu e muitas mulheres lidam com a dor da perda sozinhas ou contando apenas com o apoio do companheiro. Algumas vezes, nem os profissionais da saúde conseguem prestar o atendimento com um olhar sensível, da forma que a mãe merece ser tratada naquele momento.

Quais os sintomas do aborto espontâneo?

Em linhas gerais, o aborto espontâneo é a morte embrionária não induzida, que ocorre até a 20ª semana da gestação. Existem casos em que as mulheres apresentam alguns sintomas que indicam o que está ocorrendo, mas também é possível que ele seja imperceptível pela ausência de sinais.

De qualquer forma, os sete sintomas mais frequentes de um aborto espontâneo são:

  • Sangramento vaginal;
  • Dor abdominal muito forte;
  • Expulsão de coágulos de sangue pela vagina;
  • Cólicas ou contrações uterinas;
  • O feto para de apresentar batimentos cardíacos;
  • Corrimento vaginal com um odor muito forte;
  • Ausência de movimentos fetais.

Entretanto, nem sempre esses sinais indicam que está acontecendo um aborto. Então, o ideal é procurar um médico o mais rápido possível, assim que um desses indícios aparecer.

E quais as causas do aborto espontâneo?

Diversos fatores podem causar um aborto espontâneo, principalmente nas primeiras semanas da gravidez. Porém, nem sempre é possível descobrir exatamente o que motivou.

Mesmo assim, existem algumas causas prováveis para a perda de um bebê e nós fizemos uma lista com as principais:

  • Problemas no útero: É possível que o útero apresente alguma irregularidade (como mioma, cicatrizes ou colo fraco) que impeça o desenvolvimento correto e a sobrevivência do embrião ou do feto.
  • Anomalias cromossômicas: Essa é a causa de grande parte dos abortos espontâneos. Nesses casos, o embrião tem o material cromossômico alterado e para de se desenvolver espontaneamente nas primeiras etapas da divisão celular.
  • Alguns tipos de infecções: Infecções também podem ser as causadoras de um aborto espontâneo. Caso a mãe tenha contraído doenças como sífilis, clamídia, toxoplasmose, rubéola, hepatite B, HIV, candidíase ou outras, as chances de ocorrer a perda aumentam.
  • Consumo de álcool e cigarro: O álcool e o cigarro são, naturalmente, vilões do organismo, mas, na gravidez, eles são ainda mais perigosos. Enquanto estiver grávida, a mulher deve evitar o consumo de qualquer tipo de álcool, cigarros e até bebidas com muita cafeína.
  • Medicamentos inapropriados: Existem uma série de remédios que devem ser evitados durante o período gestacional para não causar problemas. No entanto, algumas mães acabam se automedicando sem notarem o perigo. Mulheres grávidas só devem usar medicamentos receitados pelo médico.

Em alguns desses casos, é possível fazer tratamento para não atrapalhar a gravidez posterior. Por isso, é extremamente importante procurar um médico com frequência para saber se está tudo dentro dos conformes.

Existem fatores de risco para o aborto espontâneo?

Não há uma forma de prever se vai ou não ocorrer um aborto espontâneo, porém, existem algumas situações que aumentam a probabilidade de ele acontecer. Contudo, não é uma regra. Pode ser que, com acompanhamento adequado, seja possível levar a gravidez adiante, de forma saudável e sem perigos.

Confira alguns fatores de risco que podem ter influências negativas na gravidez:

  • Peso muito abaixo ou muito acima do considerado ideal para a altura da mulher;
  • Consumo excessivo de álcool ou cafeína;
  • Uso de medicamentos contraindicados na gravidez;
  • Casos anteriores de aborto;
  • Consumo de cigarro ou drogas ilícitas;
  • Mulheres com mais de 40 anos ou menos de 19 anos;
  • Desequilíbrios hormonais.

Como lidar com a perda gestacional?

Lidar com a perda gestacional não é uma tarefa fácil, principalmente quando não há uma rede de apoio à mãe, envolvendo o companheiro, familiares, amigos e profissionais da saúde. Também não existe uma fórmula mágica para curar a dor, entretanto, é possível superar o luto e seguir em frente.

Para ajudar nessa fase difícil e inigualável, separamos algumas dicas de como lidar com a perda e deixar essa experiência menos traumática.

Passe pelo luto por quanto tempo precisar

Lide com a dor da perda no seu tempo, sem tentar suprimir os sentimentos ou fingir que está tudo bem. Toda perda é extremamente difícil e você pode superá-la da forma que for mais fácil para você.

Também é importante que você não tente “abafar” uma perda com outra gravidez, isso pode fazer mal a você e ao bebê que virá. Supere o luto primeiro e só depois faça novos planos. Não se pressione.

Não esconda os seus sentimentos

Por ser um tabu, é comum que a mulher acabe guardando toda a dor e lidando com ela sozinha, porém, essa não é e nunca será a melhor saída. Por mais que o luto demore para passar, externe tudo o que você está sentindo e busque apoio em quem realmente se preocupa com você.

Converse com outras pessoas

Provavelmente, as pessoas ao seu redor não vão sentir a dor na mesma intensidade que você, mas isso não é um motivo para se afastar ou ficar sozinha. Conversar vai te fazer bem, principalmente com outras mulheres que já passaram por isso.

Mas se você sentir que a outra pessoa está menosprezando a sua dor, não insista. Afaste-se e fique ao lado de quem está disposto a te apoiar.

Entenda que não é sua culpa

Independentemente da causa do aborto, não se sinta culpada pela perda. Ficar procurando culpados só vai fazer com que o sofrimento dure por mais tempo e o luto nunca seja superado. Lembre-se que nem tudo ocorre como a gente espera e nem temos controle sobre tudo o que acontece.

Se achar necessário, busque acompanhamento psicológico

Cada pessoa lida com a dor de uma forma diferente. Para alguns é muito mais difícil do que para outros, e não há problema nenhum nisso. Caso você sinta necessidade, não tenha vergonha de externar que não está conseguindo lidar com tudo sozinha.

Procure ajuda profissional e tenha acompanhamento psicológico. Com certeza, vai te ajudar a passar por essa fase.

Por fim, não desista do sonho de ser mãe

A perda gestacional é um episódio que, provavelmente, ficará marcado na sua vida. Porém, você não pode permitir que a dor e o medo te consumam. Não reprima o que está sentindo, converse com outras pessoas e fique cercada de muito amor. E o mais importante: não tenha pressa para superar tudo o que está vivendo.

Se o seu sonho é ser mãe, não deixe que a perda se torne um empecilho e a faça desistir. Com tratamento adequado, acompanhamento médico e alguns cuidados especiais, é possível ter uma gestação saudável e sem riscos. Não permita que o medo fale mais alto do que a sua vontade de ser feliz.

Todavia, não se pressione e nem permita que outras pessoas cobrem uma nova gravidez. Só comece a pensar na próxima gestação quando realmente estiver pronta.


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