Responsabilidade Afetiva: O Que é e Por Que é Importante?

Thaís Martiniano
Thaís Martiniano
Atualizado 14 de agosto 2021

Em um mundo tão marcado por tantos tipos de relacionamentos superficiais, saber enxergar o outro é fundamental. Por isso, se já ouviu falar sobre responsabilidade afetiva, mas não sabe o que é, estamos aqui para te contar.

A responsabilidade afetiva é nossa capacidade de nos comprometermos com os sentimentos que fazemos o outro cultivar. Ela não tem a ver com ter sentimentos recíprocos, mas com a empatia pelo que você desperta nas outras pessoas. Para as relações pessoais, ela é fundamental na manutenção do respeito e do cuidado.

De acordo com a raposa esperta do livro O Pequeno Príncipe, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, “tu serás inteiramente responsável por aquilo que cativas”. E o conceito é maior do que aparenta ser. Então, se quiser descobrir mais sobre essa característica tão importante, continue com a gente lendo este artigo!

O que é responsabilidade afetiva?

Provavelmente você já deve ter ouvido aquela famosa frase: “não faça para os outros o que não deseja para si”. Essa é praticamente a base da responsabilidade afetiva. Pensar no outro como um ser humano, com sentimentos positivos ou negativos que podem acontecer por atitudes nossas.

Quer um exemplo? Imagine que você tem um grupo da família no WhatsApp. A pessoa com quem você se relaciona também está nesse grupo e você conta alguma situação constrangedora que passaram. Então, ele ficou extremamente chateado, porque não queria exposição.

Quando você tem responsabilidade afetiva, se preocupa em não ferir o outro. Nesse caso, se houvesse, você pensaria em seu parceiro e como ele se sentiria tendo situações incômodas reveladas na frente da família toda. E, no final, você foi a responsável por este constrangimento.

Por isso, essa capacidade de ser empático é um conceito amplo.

Em suma, a responsabilidade afetiva se manifesta na sinceridade em uma relação, sem esconder outras intenções. A ideia é que toda forma de relacionamento (amoroso, amizade ou familiar) seja pautada pelo respeito mútuo entre as partes, entender e levar a sério o que a outra pessoa sente.

Portanto, se você precisa de ajuda para entender um pouco melhor quais as características dessa habilidade, saiba que está tudo bem. Separamos alguns tópicos com os principais pilares da responsabilidade afetiva. Confira quais são eles!

Clareza sobre os sentimentos

Uma das bases das relações pessoais é a sinceridade. Dessa maneira, iludir as outras pessoas sobre sentimentos é uma crueldade gigantesca. É importante só deixar despertar certos sentimentos no outro quando você tem a intenção de corresponder a isso. Se não tiver, deixe isso o mais claro possível.

Seja sempre sincero com as pessoas com quem se relaciona. E não precisa ser somente em relações afetivas, mas também nas amizades e nos relacionamentos familiares. Tudo isso precisa girar em torno da sua sinceridade, sempre deixando muito explícitos os sentimentos que você tem.

Alinhamento das expectativas

É muito ruim quando a gente se deixa gostar de alguém e imaginar um futuro e a outra pessoa não tem a mesma intenção. Por isso, seja sempre transparente com relação a como você se sente, e não deixe que as pessoas criem expectativas irreais sobre você.

Dessa maneira, é importante garantir que em todas as suas relações as expectativas caminhem juntas. Não exigir mais do que o outro pode te dar, e nem deixar que essa pessoa também exija de você. Por mais difícil que seja a verdade sobre o que você quer com suas relações, ela impede que as pessoas se machuquem mais.

Empatia e comprometimento

Além de sinceridade e de alinhar as expectativas, a empatia também é um pilar da responsabilidade afetiva. Saber entender a realidade e se colocar no lugar do outro é importante. Pensar em como o outro se sente em decorrência das atitudes que você tem com ele, como impacta a vida de outras pessoas.

Se você não gosta de sofrer, porque imputar isso a outra pessoa? Por que criar sentimentos e reações que você sabe que irão fazer com que o outro se sinta mal? Por isso, dentro da habilidade de ser responsável pelo sentimento que você produz, se colocar no lugar das outras pessoas é fundamental.

Por que a responsabilidade afetiva é importante?

De modo geral, a responsabilidade afetiva é importante pela noção de reciprocidade: você causa o bem ao outro e ele causa o bem a você. Ou seja, é fundamental dar importância às relações que temos para que as pessoas nos devolvam os mesmos sentimentos positivos que despertamos nelas.

Quer outro exemplo? Pense em todos os comentários que você já fez nas redes sociais. Quantos deles você parou para pensar em como a pessoa que leu aquilo se sentiu? Você considerou que, por trás da tela, existe uma pessoa que sente, sofre, chora, tem suas inseguranças e medos?

Se você respondeu que sim, essa é a importância da responsabilidade afetiva. Ela nos permite humanizar mais as pessoas com quem convivemos, mesmo fora das relações amorosas. Assim, a gente evita de criar cicatrizes que não gostaríamos de carregar, em quem está somente reagindo às nossas atitudes.

Como reconhecer e lidar com a falta de responsabilidade afetiva?

Não é difícil reconhecer quando falta responsabilidade afetiva por parte de alguém com quem nos relacionamos. É até normal que as pessoas se magoem ou decepcionem umas às outras. Faz parte das relações humanas e também é comum (até certo ponto) criar expectativas sobre o outro.

Mas isso não pode ser, de forma alguma, argumento para normalizar a falta de empatia e de respeito em um relacionamento. Alguém que está na sua vida e causa sofrimento desnecessário, é abusivo (em qualquer medida) e sempre tem comportamentos egoístas é, certamente, uma pessoa que não está preocupada com os seus sentimentos.

A melhor maneira de lidar com a falta de responsabilidade afetiva é criando um distanciamento de quem não tem essa habilidade. Por isso, insistir em relações que o outro não se importa com o que você sente, só vai criar mais problemas emocionais. É importante saber onde a gente não cabe, e seguir em frente sem olhar para trás.

Como praticar a responsabilidade afetiva?

Se até aqui você entendeu o que é responsabilidade afetiva e os motivos pelos quais ela é importante, já deve ter uma boa ideia de como praticá-la. Mas para facilitar as coisas, nós separamos algumas dicas que são essenciais e devem ser incorporadas por qualquer um que queira ser responsável afetivamente. Veja quais são!

Pratique o exercício de se colocar no lugar das pessoas

Nem todo mundo reage do mesmo jeito para as mesmas coisas. Portanto, é importante ter sempre em mente que cada pessoa tem um tipo de visão e de reação. Dessa maneira, se colocar no lugar do outro é uma boa forma de praticar a responsabilidade afetiva.

Entenda que a gente não está pedindo que você aceite tudo, não é isso. Mas que você pense em como o outro pode se sentir e até mesmo em qual é o impacto do que você faz na vida dele.

Ouça mais o que o outro tem a dizer

Se ficar difícil de você conseguir se colocar no lugar do outro, é hora de praticar também a escuta. Tente conversar e ouvir como a pessoa se sente, escutar a realidade e os sentimentos que você criou. Além disso, você também pode tentar resolver conflitos através do diálogo.

Mas nessa hora é fundamental praticar a escuta empática, pensando sempre em como o outro se sente. Ouça sem julgamentos e tente entender de que maneira suas atitudes criaram determinados sentimentos.

Não faça para os outros o que não quer para você mesmo

Se levar essa frase sempre em suas relações, você vai conseguir praticar a responsabilidade afetiva. Para praticá-la, você deve pautar suas ações com base no que você não gostaria de receber. Porém, não esqueça que cada ser humano é único, e que você pode tolerar coisas que outras pessoas não toleram. O limite de tolerância é diferente para cada um.

Portanto, aliar as habilidades de escuta e de empatia é o meio mais eficaz de conseguir ser responsável afetivamente. Vale a pena tentar praticar essa habilidade para ter a consciência tranquila de que ninguém está magoado por sua causa.


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